A DESPEDIDA DO AMOR
Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina
e a gente, seguindo amando, tem que se
acostumar com a ausência do outro, com
a sensação de perda, de rejeição
e com a falta de perspectiva, já que ainda
estamos tão embrulhados na dor que não
conseguimos ver luz no fim do túnel.
A segunda dor é quando começamos
a vislumbrar a luz no fim do túnel.
A mais dilacerante é a dor física
da falta de beijos e abraços,
a dor de virar desimportante para
o ser amado.
Mas, quando esta dor passa,
começamos um outro ritual de despedida:
a dor de abandonar o amor que sentíamos.
A dor de esvaziar o coração,
de remover a saudade, de ficar livre,
sem sentimento especial por aquela pessoa.
Dói também...
Na verdade, ficamos apegados ao amor
tanto quanto à pessoa que o gerou.
Muitas pessoas reclamam por não conseguir
se desprender de alguém.
É que, sem se darem conta, não querem
se desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído,
tornou-se um souvenir, lembrança de uma
época bonita que foi vivida...
Passou a ser um bem de valor inestimável,
é uma sensação à qual a gente se apega.
Faz parte de nós.
Queremos, logicamente, voltar a ser
alegres e disponíveis,
mas para isso é preciso abrir mão de algo
que nos foi caro por muito tempo,
que de certa maneira entranhou-se na gente,
e que só com muito esforço
é possível alforriar.
É uma dor mais amena,
quase imperceptível.
Talvez, por isso, costuma durar mais do
que a `dor-de-cotovelo`
propriamente dita.
É uma dor que nos confunde.
Parece ser aquela mesma dor primeira,
mas já é outra.
A pessoa que nos deixou já não nos
interessa mais, mas interessa o amor que
sentíamos por ela, aquele amor que nos
justificava como seres humanos,
que nos colocava dentro das estatísticas:
"Eu amo, logo existo".
Despedir-se de um amor é despedir-se
de si mesmo.
É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância,
mas que precisa também sair
de dentro da gente...
E só então a gente poderá amar, de novo.
Martha Medeiros
POSTADO
23 08 10
AS
13:47 HRS
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
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