segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A DESPEDIDA DO AMOR

A DESPEDIDA DO AMOR


Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina

e a gente, seguindo amando, tem que se

acostumar com a ausência do outro, com

a sensação de perda, de rejeição

e com a falta de perspectiva, já que ainda

estamos tão embrulhados na dor que não

conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos

a vislumbrar a luz no fim do túnel.

A mais dilacerante é a dor física

da falta de beijos e abraços,

a dor de virar desimportante para

o ser amado.
Mas, quando esta dor passa,

começamos um outro ritual de despedida:

a dor de abandonar o amor que sentíamos.
A dor de esvaziar o coração,

de remover a saudade, de ficar livre,
sem sentimento especial por aquela pessoa.

Dói também...

Na verdade, ficamos apegados ao amor

tanto quanto à pessoa que o gerou.
Muitas pessoas reclamam por não conseguir

se desprender de alguém.
É que, sem se darem conta, não querem

se desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído,

tornou-se um souvenir, lembrança de uma

época bonita que foi vivida...
Passou a ser um bem de valor inestimável,

é uma sensação à qual a gente se apega.

Faz parte de nós.
Queremos, logicamente, voltar a ser

alegres e disponíveis,
mas para isso é preciso abrir mão de algo

que nos foi caro por muito tempo,

que de certa maneira entranhou-se na gente,

e que só com muito esforço

é possível alforriar.

É uma dor mais amena,

quase imperceptível.
Talvez, por isso, costuma durar mais do

que a `dor-de-cotovelo`
propriamente dita.

É uma dor que nos confunde.
Parece ser aquela mesma dor primeira,

mas já é outra.

A pessoa que nos deixou já não nos

interessa mais, mas interessa o amor que

sentíamos por ela, aquele amor que nos

justificava como seres humanos,

que nos colocava dentro das estatísticas:

"Eu amo, logo existo".

Despedir-se de um amor é despedir-se

de si mesmo.
É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância,

mas que precisa também sair

de dentro da gente...
E só então a gente poderá amar, de novo.

Martha Medeiros



POSTADO

23 08 10

AS


13:47 HRS

Nenhum comentário:

Postar um comentário