terça-feira, 11 de agosto de 2009

Conta o folclore europeu
que há muitos anos atrás
um rapaz e uma moça
apaixonados resolveram se casar.




Dinheiro eles quase não tinham,
mas nenhum deles ligava para isso.
A confiança mútua
era a esperança de um belo futuro,
desde que tivessem um ao outro.
Assim, marcaram a data
para se unir em corpo e alma.





Antes do casamento, porém,
a moça fez um pedido ao noivo:
- Não posso nem imaginar
que um dia possamos nos separar.
Mas pode ser que com o tempo
um se canse do outro,
ou que você se aborreça e me
mande de volta para meus pais.





- Quero que você me prometa
que, se algum dia isso acontecer,
me deixará levar comigo
o bem mais precioso que eu tiver então.
O noivo riu, achando bobagem o que ela
dizia, mas a moça não ficou satisfeita
enquanto ele não fez a promessa
por escrito e assinou.





Casaram-se.
Decididos a melhorar de vida
ambos trabalharam muito e foram
recompensados.





Cada novo sucesso
os fazia mais determinados
a sair da pobreza,
e trabalhavam ainda mais.
E tempo passou e o casal prosperou.
Conquistaram uma situação estável
e cada vez mais confortável,
e finalmente ficaram ricos.




Mudaram-se para uma ampla casa,
fizeram novos amigos e se cercaram
dos prazeres da riqueza.
Mas, dedicados em tempo integral
aos negócios e aos compromissos
sociais, pensavam mais nas coisas
do que um no outro.





Discutiam sobre o que comprar,
quanto gastar, como aumentar o
patrimônio, mas estavam cada vez
mais distanciados entre si.




Certo dia,
enquanto preparavam uma festa
para amigos importantes,
discutiram sobre uma bobagem qualquer
e começaram a levantar a voz,
a gritar, e chegaram às inevitáveis
acusações.



- Você não liga para mim!
- gritou o marido -
só pensa em você,
em roupas e jóias.




- Pegue o que achar mais precioso,
como prometi,
e volte para a casa dos seus pais.





Não há motivo para continuarmos juntos.
A mulher empalideceu e encarou-o
com um olhar magoado,
como se acabasse de descobrir
uma coisa nunca suspeitada.






- Muito bem, disse ela baixinho.
Quero mesmo ir embora.
Mas vamos ficar juntos esta noite
para receber os amigos
que já foram convidados.




Ele concordou.



A noite chegou.
Começou a festa, com todo o luxo
e a fartura que a riqueza permitia.
Alta madrugada
o marido adormeceu, exausto.





Ela então fez com que o levassem
com cuidado para a casa dos pais dela
e o pusessem na cama.




Quando ele acordou,na manhã seguinte,
não entendeu o que tinha acontecido.
Não sabia onde estava e,
quando sentou-se na cama
para olhar em volta,
a mulher aproximou-se
e disse-lhe com carinho:





- Querido marido,
você prometeu que se algum dia
me mandasse embora
eu poderia levar comigo
o bem mais precioso que tivesse
no momento.




- Pois bem,
você é e sempre será
o meu bem mais precioso.
Quero você mais que tudo na vida,
e nem a morte poderá nos separar.




Envolveram-se num abraço de ternura
e voltaram para casa mais
apaixonados do que nunca.




O egoísmo, muitas vezes, nos turva a visão
e nos faz ver as coisas de forma distorcida.
Faz-nos esquecer os verdadeiros valores da vida
e buscar coisas que têm valor relativo e passageiro.





Importante que, no dia-a-dia,
façamos uma análise e coloquemos na balança
os nossos bens mais preciosos
e passemos a dar-lhes o devido valor.





(Baseado na história "O bem mais precioso",
do Livro das Virtudes)

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