segunda-feira, 6 de abril de 2009

Phoenix

Como se chama o que renasce das cinzas?
A mitologia nos apresenta uma ave fabulosa
que durava muitos séculos e, queimada,
renascia das próprias cinzas.



Há variações que acrescentam que,
além do renascer, essa ave tinha
a capacidade de pressentir o cheiro de um
fim, e ia ao seu encontro, jogando-se
contra o fogo para que se cumprisse
o seu destino.

Phoenix é o nome da ave.

E humanamente, como chamamos quem
renasce de si?

Como chamamos quem pressente o cheiro
de um fim e se lança mortalmente ao encontro
deste com bravura, dor, coragem, medo, tristeza,
lamento, altivez, tontura, com toda sua bagagem,
ao encontro do que lhe espera, porque
sabe inevitável e ao inevitável não se pode fugir?


Como chamamos quem sobrevive a si
para ensinar aos outros que é
possível renascer?

Como chamamos quem exerce amor
como prática de vida e morrendo em sua
sina revive porque o semelhante precisa
dessa ressurreição?

Como chamamos quem expõe suas dores,
seus medos, seus temores, com naturalidade
e sabedoria contumaz porque é assim que tem
que ser ?

Não sei.

E a Phoenix pousou sobre meu inconsciente.

É que nesse mundo,
meu feito mais constante é o de observar.

Do que vejo e sinto, escrevo.

Mas por agora, me perdoe,
não sei denominar.



Não sei nem mesmo como chamar
esse estado que se adquire,
essa capacidade, não de sobreviver
às intempéries, mas de renascer da
morte dos próprios sonhos.



Mas sei que é possível.

E vejo Phoenix sobrevoando o mundo
do renascer.

A fábula e a vida real dançando juntas.
A primeira é a mestra, a segunda a aluna.



E assim como a ave mitológica que tenta
ensinar a recolher o pó da combustão de
nossas substâncias essenciais porque será dele
que virá a nova vida, precisamos ir ao nosso encontro.



Precisamos virar a esquina do pesadelo
com a consciência clara de que de nossas
cinzas nos faremos vida e de novo sonho.

Não sei como chamar quem renasce das
próprias dores e do próprio fim.

E renasce sempre melhor e mais belo.



Mas tenho cá comigo a intuição de que
se chama GENTE.



E é com essa GENTE que eu quero
aprender a viver.



(desconheço o autor)

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